Corte no Minha Casa, Minha Vida derruba ações de construtoras

03-03-2011 10:31

Corte no Minha Casa, Minha Vida derruba ações de construtoras

SHEILA D'AMORIM
FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

JANAÍNA LAGE
DO RIO

O anúncio de corte no orçamento do MCMV (Minha Casa, Minha Vida), destinado à construção de imóveis populares, fez as empresas do setor perderem valor.

No início desta semana, quanto maior a participação da empresa no MCMV, maior foi a perda dos investidores.

Os empresários reclamaram com os ministros Míriam Belchior (Planejamento) e Mário Negromonte (Cidades) sobre a forma como o corte foi anunciado, com o mercado em pleno funcionamento.

Em reunião logo após a divulgação do bloqueio dos recursos, eles culparam o governo pela forte oscilação de preço das ações do setor.

Na segunda-feira, dia em que a equipe econômica detalhou o corte, o índice que mede o desempenho geral do segmento caiu 2%.

Empresas como Cyrela, MRV, Direcional e Gafisa, que atuam no programa, viram a cotação recuar 7,29%, 6,9%, 6,34% e 4,53%, respectivamente, nos dois primeiros dias da semana. Ontem, as ações recuperaram parte das perdas.

Segundo a Folha apurou, os empresários disseram que o governo precisava "ter um pouco mais de cuidado" ao tratar de temas que afetam companhias com ações negociadas em Bolsa.

A ministra não gostou das críticas, chegou a se irritar e desconversou.

Com a meta de construir, até o fim do governo, mais 2 milhões de imóveis para famílias que ganham até R$ 4.600, os empresários saíram do encontro apostando que o efeito negativo será passageiro e que as perspectivas continuarão favoráveis.

A expectativa é que, no segundo semestre, com a aprovação pelo Congresso da regulamentação da segunda etapa do MCMV, os investimentos serão retomados.

"A nossa orientação é de compra das ações do setor", diz o analista Armando Halfeld, da corretora Ativa.

Com cerca de 90% dos negócios voltados para o programa, a MRV Engenharia não pretende cancelar nem adiar projetos. "Não houve interrupção no programa", disse o presidente da empresa, Rubens Menin.

Para o presidente da Abramat (Associação Brasileira de Materiais de Construção), Melvyn Fox, o setor está "entendendo isso como uma prorrogação de prazo". Mas admite que há um impacto "emocional".

A coordenadora de projetos da construção da FGV Projetos, Ana Maria Castelo, acredita que impactos possam ocorrer a partir de 2012.

""Os reflexos podem ser sentidos no próximo ano, seja no nível de emprego da construção civil seja no próprio programa. Isso porque o governo mantém a meta de construir neste ano 2 milhões de unidades", diz.

Fonte: folha .com

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